I made this widget at MyFlashFetish.com.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Curiosidades Gastronômicas (VIII)


Tubaínas

Tubaína nada mais é do que um refrigerante popular. Ou uma bebida gaseificada de sabor acentuado, extremamente doce e com nome exótico. A palavra tubaína surgiu quando, há muitos anos, uma pequena fábrica do interior de São Paulo passou a vender um refrigerante usando vasilhames de cerveja com o nome de Tubaína, que acabou virando sinônimo de qualquer refrigerante fabricado por pequenas empresas ou de apelo regional. Muito além da tradicional tríade cola, guaraná e soda, as tubaínas arriscam xaropes de laranja, uva, groselha e tangerina, chegando até mesmo a sabores mais exóticos como abacaxi e abacate.

Os exemplos estão espalhados pelo Brasil inteiro. Em Santa Catarina, a onda das tubaínas começou na década de 70 com o Gasosão, que anos depois mudou o nome para Fanni, uma forma abrasileirada da palavra "funny", que em inglês quer dizer divertido. Hoje, o carro chefe da empresa é a Laranjinha Água da Serra. A cor da bebida, que em nada lembra uma laranja, é o verde limão fosforescente.

No Maranhão, o emblemático Guaraná Jesus, de coloração cor-de-rosa e gosto de canela e cravo, é provavelmente um dos sabores mais peculiares da indústria dos refrigerantes. Inicialmente, o objetivo do farmacêutico Jesus Norberto Gomes, que inventou a bebida, era criar uma magnésia fluída. A experiência não deu certo, mas o resultado foi uma bebida criada para seus netos a partir de dezessete ingredientes básicos. Curiosamente, o criador do Guaraná Jesus era ateu e foi excomungado da Igreja Católica. Era tido como comunista e foi esconjurado pelo Papa depois de dar uma surra no padre. Diziam até que tinha feito um pacto com o diabo. Depois de ser exorcizado, só para alimentar a lenda, o farmacêutico mandou trazer da Alemanha uma série de caras de Fausto - personagem de Goethe que vende a alma ao demônio - e colocou na entrada da farmácia. O inventor da bebida morreu em 1963, sem retornar à igreja. O slogan que acompanha a bebida, Guaraná Jesus, o sonho cor-de-rosa, é o mesmo há décadas. A Coca-Cola, de olho no apelo comercial que a bebida possui no Maranhão, já detém os direitos sobre a fabricação e distribuição do guaraná.

No Rio Grande do Sul, entre outros, há o refrigerante Celina, com seus oito diferentes sabores, inclusive o de abacate, incomum em qualquer outra marca de refrigerante. A distribuição do Celina é feita no sul do país e também para Uruguai e Argentina. No Paraná, as tubaínas são chamadas de gasosas e a marca mais famosa é a Cini, que surgiu no final do século XIX, quando um grupo de colonos italianos começou a fabricar refrigerantes artesanalmente. Dentre eles, o que mais chama a atenção é o de gengibre, chamado de gengibirra.

Em Minas, o Mate Couro, refrigerante verde e amarelo 100% nacional, permanece firme na preferência da população. Fabricado a partir da mistura de erva mate e de chapéu de couro (outra erva, favor não confundir com aquilo que o Lampião usava para se proteger do sol), é encontrado com facilidade em qualquer restaurante, mesmo os mais finos. De lá também é necessário destacar a campanha do guaraná Flexa, dos mesmos fabricantes da cola Mineirinho, "beba Flexa e acerte a sua sede".

No Norte do Brasil encontramos marcas como Baré, Tauá, Tuchaua, Gury, Regente, Magistral, Real... e muitas mais, donas de nomes imponentes.  

Quem nasceu por volta de 1970 deve lembrar do Grapette, refrigerante de uva fabricado pelas indústrias Saborama. Conhecido pelo bordão "quem bebe Grapette repete" e pelo jingle que grudava na mente, "quem bebe Grapette, repete / Grapette / Grapette é gostoso demais", a bebida era fabricada originalmente nos EUA. Com o sucesso, surgiram também a Orangette, o Lemonette e também o Mr. Cola. Após alguns anos, a distribuição da bebida passou a ser feita apenas para países da América do Sul e no Brasil ainda pode ser encontrada no Rio de Janeiro.

Além das fronteiras nacionais, um belo exemplo de bebida popular é a Inca Kola, estranha e tradicional bebida do Peru, de cor amarela, feita de abacaxi, melado e doce. Os peruanos têm muito orgulho desta bebida, que foi lançada durante as comemorações do quarto centenário da fundação de Lima, a capital do país. "Inca Kola só há uma e não se parece com nenhuma", dizia o comercial de lançamento, também identificando o refrigerante como de sabor nacional, ainda mais por usar as cores da pátria, o vermelho e o branco, na embalagem, tornando a bebida um dos símbolos do povo peruano. Os direitos sobre a fabricação e comercialização da Inca Kola também foram comprados pela Coca-Cola, que agora faz a distribuição da exótica marca até em Miami, nos EUA.

Com cuidado e paciência, é possível encontrar mais de cem marcas de refrigerantes diferentes em todo o Brasil, prova que as tubaínas ainda permanecerão por muito tempo nas prateleiras e no gosto do consumidor.

Texto de Nicole Cabral para o site Burburinho.

2 comentários:

  1. Olha Marcelo.. Ri muito com esse Pérolas da Degustação..
    A história do " Jesus" foi muito engraçada..
    Agora, orangette, lemonete. Isso era refri de biba, kkkkk
    Parabéns pelo post, adorei viu??? Bjo!!!
    Ahhh, já ia esquecendo do guaraná de abacate.. Será que rola??????kkkkk

    ResponderExcluir
  2. Oi, Marquinho!
    Pois é, o Guaraná Jesus divide opiniões. Uns dizem que é doce demais, uns dizem que é uma porcaria, outros dizem que é divino... Tô com vontade de comprovar indo até o Brás, quando estiver em São Paulo. Por ser o reduto nordestino de Sampa, dizem que é facilmente encontrado lá.
    Já guaraná de abacate... Não consigo imaginar isso! kkkkkk

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...